#2

Eram quase sete da manhã e ouvi um barulho estranho do lado de fora da minha janela do quarto. Eu tenho daquelas janelas grandes que são como uma varanda pequena com vista para o mar. Levantei-me assustada, aproximei-me da janela, puxei o estore para cima e vi um pombo. Era algo que nunca tinha visto, um pombo aterrar na minha janela e começar a fazer barulho, ele acordou-me. Se calhar até era esse o seu objectivo mas oh, ele era tão bonito. Tinha umas penas cinzentas quase azuladas e aqueles seus olhos pequeninos que me penetraram a alma deixaram-me irrequieta. abri a janela e ele nem sequer voou. Fiquei a olhar para ele de uma maneira doce e sincera para tentar perceber o que ele estava ali a fazer. Decidi tomar iniciativa para lhe tocar mas quando estiquei a minha mãe ele olhou-me assustado e voo. Foi uma sensação estranha porque ele não fugi quando abri a janela e sim quando lhe ia tocar. É como as almas que por aí vagueiam, falam connosco, mas quando as queremos tocar, elas não deixam.